Inovação no Agro: Estratégia e Futuro com Raízes na Batata

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Barbara Viana:
Olá, eu sou a Babi e esse é o PEPcast, o podcast que transforma a sua experiência profissional e te leva ao próximo nível. Então, vem dar um “play” na sua carreira com a gente.

O nosso negócio global de produção de bebidas e alimentos depende do agro. Ele é o primeiro degrau da nossa cadeia de valor. Por isso, a gente leva muito a sério e trabalha com muita parceria com os nossos agricultores, buscando melhoria constante e novas formas de cultivar e trabalhar também com os ingredientes. O objetivo final é impactar positivamente os agricultores, as comunidades e o nosso planeta.

Pra falar sobre esse tema e sobre esse setor que é um dos mais estratégicos aqui da companhia, a gente convidou a Natalia de Oliveira, que é gerente de Agro aqui na PepsiCo, pro nosso PEPcast. Então, Nath, quero te desejar as boas-vindas. Tô muito feliz de poder bater esse papo aqui com você e saber mais sobre esse setor que é tão importante aqui dentro da PepsiCo. Muito obrigada por aceitar o nosso convite.

Natalia Oliveira:
Muito obrigada pelo convite. É uma honra participar, participar deste momento aqui com vocês. Realmente, o agro tem um papel fundamental dentro da PepsiCo e eu estou muito feliz porque faço parte disso, né? E é muito bom estar aqui com vocês hoje pra contar um pouquinho de como funciona tudo.

Barbara Viana:
Ai, que legal, Nath. Tô muito feliz também. Tô cheia de perguntas aqui pra você, Nath, o pessoal que tá aqui curtindo o Pepcast também, porque muito se ouve sobre agro, e eu acho que poder trazer exemplos reais e práticos de como acontece em uma empresa como a PepsiCo vai agregar muito valor pros nossos ouvintes aqui.

Mas, antes da gente entrar efetivamente, Nath, pra falar de agro, enfim, eu queria saber um pouco mais da sua trajetória profissional. Então, se você puder compartilhar com a gente um pouco de por onde você já passou, o seu cargo atual, a sua atuação hoje aqui na PepsiCo... Eu sei que você é formada em Agronomia pela UFMG, muito legal. E aí, depois, por onde que você passou até chegar aqui na PepsiCo?

Natalia Oliveira:
Então, contar um pouco da minha história, minha trajetória, como que tudo aconteceu... Não tem como eu não contar do antes, tá, gente? A minha família é uma família que já vem um pouco do agro, mas são produtores familiares muito pequenos. Meu avô foi leiteiro a vida inteira, meu pai nasceu e foi criado numa fazenda. E eu sempre tive um contato muito grande com o agro. Mas, diferente das minhas irmãs, que foram pra outras áreas totalmente diferentes, nada a ver com o agro, eu sempre gostei muito, me identifiquei com animais, com lavouras... Apesar de sermos produtores muito pequenos, plantávamos somente no quintal, uma coisa muito simples, isso sempre me encantou.

E aí eu resolvi fazer Agronomia. Eu escolhi a UFMG, eu sou mineira, então acabei ficando dentro do meu estado. E durante a minha trajetória universitária, eu sempre gostei muito de pesquisa, de desenvolvimento, participei de projetos desde o primeiro período da faculdade e eu buscava conhecer mais, eu queria estar participando, inserida naquele meio. Então, eu participei de vários projetos de iniciação científica, de extensão rural. Eu terminei a faculdade, fui direto para o mestrado, fiquei no mestrado mais dois anos, eu dei aula durante o mestrado, fui professora... Fui professora durante dois anos, dava aula de matérias que ninguém gostava...

Barbara Viana:
Já ia te perguntar: quais disciplinas?

Natalia Oliveira:
Era Botânica e Anatomia Vegetal. Ninguém gostava disso. Mas tinha uma relação muito grande com o tema do meu mestrado, da minha dissertação, e eu foquei muito em sementes. Eram sementes de uma planta nativa do cerrado que estava em processo de extinção. Então, assim, a gente trabalhou muito pesado nisso daí, foi muito legal. A gente conseguiu melhorar a germinação, eu fazia uns projetos muito malucos, pra ser bem honesta, durante esse período de pesquisa, mas foi super rico pra mim. Isso me ajudou muito, me ajudou muito na parte de me organizar, de saber conversar, de saber me apresentar.

O mestrado me trouxe uma experiência de vida incrível. Eu falo que os dois anos de mestrado me amadureceram mais do que os cinco anos de faculdade. Daí, quando eu terminei o mestrado, eu fui contra a maré. Todo mundo achava que eu já ia direto para o doutorado e eu falei: "Não, eu quero conhecer o outro lado. Eu quero conhecer o lado do mercado, eu quero trabalhar, eu quero poder sair do meio acadêmico e viver, de fato, a Agronomia numa vida real".

E, assim, o mestrado me ajudou muito, como eu falei pra vocês. Eu acabei indo trabalhar numa multinacional também, passei por um processo seletivo e fui para uma empresa que trabalhava com pesquisa de produtos agrícolas. Então, continuei na pesquisa, só que agora era uma pesquisa mais no campo, direto com os produtores. Eu fui trabalhar com tomate, nada a ver com batata no início. Só que, como eu estava numa região no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, que é uma região de grandes cultivos no estado de Minas Gerais, a própria empresa me sugeriu: "Olha, esse mesmo projeto que você desenvolveu aqui...". Na época, eu trabalhei também no interior de São Paulo, com indústrias de tomate, e eles perguntaram: "Você tem interesse em pegar um projeto, continuar dando segmento a esse projeto, mas agora na batata?".

Isso foi há muitos anos atrás, gente. Isso deve ter sido em 2012, 2013. E eu falei: "Ah, quero, vamos lá. Nunca trabalhei com batata, eu não conheço nada de batata, gente, mas eu vou!". Aí comecei a trabalhar com batata nesse momento, e foi assim, durante muitos anos, trabalhando com batata. Eu fiquei nessa empresa quase quatro anos, e aí saí dessa empresa, fui pra outra que era parceira dela, pra trabalhar mais na área comercial.

Então, eu trabalhei tanto no comercial quanto na assistência técnica. Eu fiquei quase cinco anos nessa empresa, dando assistência técnica e gerenciando uma equipe. Eu era gerente comercial de uma equipe, então nós trabalhávamos também em Minas, tudo em Minas, mudei de cidade umas 20 vezes, mas sempre com os desafios dentro da própria empresa. Eles desafiavam: "Ah, vamos pra outro lugar agora, tem um novo desafio numa outra região dentro de Minas", e aí eu fui.

O ponto-chave, eu acho, dessa história toda é que chegou um momento que eu resolvi dar um “break” na minha carreira. Falei: "Eu vou pisar no freio aqui e quero viver um sonho". E aí eu fui morar fora do Brasil, fui fazer um intercâmbio com 34 anos. Todo mundo jovem, todo mundo recém-formado, e eu, a "tiazona", lá com 34 anos fazendo intercâmbio. Mas foi uma experiência incrível. Eu fui pra Irlanda, pedi demissão do meu emprego, combinei com eles, falei: "Olha, eu vou viver um sonho agora". E eles super me apoiaram. E aí fui fazer esse intercâmbio, fui pra Irlanda.

Fiquei um ano e meio lá, estudando inglês e trabalhando também, porque na Irlanda você pode trabalhar 20 horas, tinha todo esse detalhe aí. E foi um país que me acolheu muito. E é um país onde a batata tem uma história incrível, porque a batata tem uma relação direta com a Irlanda. Nós vivemos no passado uma crise, há muitos anos, há mais de 100 anos atrás, da "fome da batata". E a batata influenciava diretamente na alimentação daquele povo.

Então, assim, isso me conectou de novo com a batata. Depois de muitos anos que eu tinha dado uma pausa, um pouco de uns três anos de trabalhar com batata nessa empresa que eu gerenciava uma equipe, e eu ficava mais com grandes culturas... Isso me reconectou com a batata de novo. Aí eu falei: “nossa, eu gosto muito de trabalhar com batata, porque é muito desafiador”. E aí eu acabei ficando sabendo que tinha essa oportunidade dentro da PepsiCo, e eu me candidatei para o processo seletivo e passei por várias etapas. A gente estava no meio da pandemia. Quando eu voltei e passei no processo seletivo, foi todo online. E aí eu fui contratada pela PepsiCo pra ser responsável por abastecimento de forma geral, pra região Sul do Brasil.

Então eu moraria em Santa Catarina, no Paraná, pra atender essas duas regiões, o Rio Grande do Sul. Eu acabei indo, só que chegou lá, entrou em “lockdown”, fechou tudo. E eu acabei voltando pra Minas, ficando na casa dos meus pais. E acabei sendo recontratada pela PepsiCo. Falaram: “agora você vai pra região de Minas”, porque saiu a oportunidade de Minas pra fazer o mesmo trabalho. Então eu era responsável pela cadeia de abastecimento ali naquela região de Minas e Goiás, depois do Sul.

E aí, depois de uns anos, um ano e meio mais ou menos, eu recebi um novo desafio da PepsiCo, que era pra trabalhar com sementes e variedades. E aí eu acabei mudando pra São Paulo, que é onde eu tô hoje. Então, assim, essa foi a linha do tempo aí da minha carreira profissional.

Barbara Viana:
Nath, que legal! Obrigada por compartilhar. E aí, eu fiquei muito curiosa com o que você trouxe da questão da fome da batata na Irlanda e fui jogar aqui no Google pra saber um pouco mais. E aí eu fiquei muito curiosa, e você me fala se é isso mesmo: que realmente eles usam essa expressão “fome da batata” pra essa grande fome irlandesa, que foi um período aí de extrema fome e sofrimento na Irlanda, mais ou menos ali entre 1845 e 1849. E foi causada por uma doença de requeima da batata, que destruiu todas as plantações da batata, que era o principal alimento da população irlandesa. Foi isso mesmo? Tá certo isso?

Natalia Oliveira:
Foi mesmo. Foi isso mesmo.

Barbara Viana:
Caramba.

Natalia Oliveira:
É uma doença que existe no mundo inteiro, tá? É uma doença, inclusive, que existe no Brasil. Só que hoje a gente sabe como controlá-la. A gente sabe identificar quando ela tá começando. E na época não existia estudos, não existia tecnologia suficiente pra esse controle dessa doença. E como a batata era a base da alimentação daquele povo, então, realmente, muitas pessoas morreram de fome. Isso é real. Quando você caminha, tem um rio lá que é super famoso, que é o rio que corta a cidade. Existem várias estátuas, assim, demonstrando as pessoas caminhando, as pessoas numa situação crítica, assim, de fome, de pessoas super magras, passando necessidade mesmo, assim, de fome.

Barbara Viana:
Nossa, que triste, né? Muito triste. Mas, assim, o que eu achei curioso, né, de toda essa história, é o quanto os caminhos foram se conectando, né, Nath? E o quanto você, de alguma forma, tinha contato com o agro ali, mesmo sem querer, né? E achei isso muito bacana. E legal você chegar aqui na PepsiCo e já ter... A gente conversou aqui nos bastidores: você entrou em 2021 e já ter vivenciado aí tantas coisas diferentes aqui dentro, numa mesma empresa.

E aí, o que hoje, no seu dia a dia, você faz? Você lida diretamente com os produtores rurais, produtoras também? Quais são as demandas e desafios nessa relação também que você tem? Porque, assim, no fim do dia, a gente super considera eles e elas os nossos sócios ali estratégicos, né, que estão ali pra apoiar o nosso negócio. E aí eu queria saber: me conta mais desse dia a dia.

Natalia Oliveira:
Então, hoje eu sou responsável pela parte de abastecimento de sementes dentro do time de Agro. O que que é isso? Então hoje eu trabalho nos seis estados que nós temos produtores de batata, que vai desde Goiás até Rio Grande do Sul. Então, hoje nós temos seis estados que são produtores, e nós temos 25 produtores que nos fornecem batata. Então, eu sou responsável por gerenciar toda a cadeia de semente, que é antes de que tudo aconteça dentro do time.

Isso é: eu tenho que fazer todo um planejamento de sementes, eu tenho que fazer toda uma distribuição de semente, encomenda. Eu lido diretamente, no dia a dia, com os produtores, fazendo toda essa organização e esse planejamento. Então, a partir do momento que os produtores recebem uma semente, não é simplesmente plantar e mandar pra PepsiCo, não. Eles têm que multiplicar essa semente, porque a semente acaba que ela é muito cara e vem um volume pequeno. Então eles têm que rentabilizar isso daí e fazer com que o volume aumente pra atender a nossa demanda lá no final.

Então, o produtor recebe, ele vai plantar uma vez essa semente, ele vai colher, ele vai guardar ela cinco meses dentro de uma câmara fria, para que a semente descanse. Depois ele vai plantar de novo, ele vai colher de novo, ele vai guardar de novo na câmara fria para que ela descanse. E na terceira vez que ele plantar, aí sim ele vai plantar pra colher e enviar essa batata pra que a gente consiga produzir os chips na fábrica.

Então hoje eu sou responsável por tudo isso. Então eu trabalho três anos antes do time de abastecimento, porque eu tenho que ter a visão de futuro. Por exemplo, daqui três anos, quanto eu preciso ter de batata? Então eu tenho que fazer sempre a conta reversa do que o pessoal tem lá na frente. E, além disso, não é simplesmente chegar e falar: receba essa semente, essa semente vai estar aqui. Então, a gente tem os sementeiros que produzem essa semente pra gente, que a semente de batata nada mais é que... A gente chama de mini tubérculo, é uma batatinha bem pequenininha que o produtor recebe e ela vai crescendo, né, até ela chegar no padrão correto que é pra indústria.

Eu tenho que negociar com o sementeiro antes, eu tenho que organizar tudo com ele antes, fazer o planejamento de produção dentro do viveiro, do que é o telado mesmo, onde é uma casa que a gente chama de casa de vegetação, onde ele vai cultivar essa semente, ele vai produzir, de fato, essa semente para o produtor. Que ela começa com uma plantinha que vai virar uma semente. Então tem todo esse gerenciamento.

A gente traz o material genético de fora, ele não começa aqui no Brasil. A pesquisa para desenvolver variedades vem dos Estados Unidos. A gente tem um centro de melhoramento nos Estados Unidos, onde eles desenvolvem variedades, a gente envia para o Brasil, a gente testa primeiro aqui. Depois de tudo testado, o material passa em várias etapas de teste, de pesquisa, o material é aprovado, e aí sim a gente tem uma variedade nova, que são variedades PepsiCo. Aí a gente começa toda a cadeia de sementes.

Então, assim, eu faço essa encomenda e aí o sementeiro vai produzir. Ele leva um ano pra produzir. Então, por isso que eu sempre trabalho três anos. E o produtor fica lá três, dois anos multiplicando pra que no terceiro ano ele mande a batata pronta pra indústria. Hoje, eu trabalho para 2028.

Barbara Viana:
Caramba, Nath, que trabalho apaixonante também, né? Porque imagino que você vai muito pro campo. Você tá sempre lá, vendo, acompanhando essa evolução toda, assim... O que você mais gosta quando você tá lá no campo, assim? O que faz brilhar seu olho ali?

Natalia Oliveira:
Eu gosto muito desse dia a dia com o produtor, de entender o que tá acontecendo. E, além disso, parte do meu trabalho também é que eu sou o elo técnico do time. Então, o nosso time é interdisciplinar. Por mais que existam várias pessoas que trabalham no abastecimento, a gente tem engenheiro civil, engenheiro de produção, administrador, que vai para o campo trabalhar conosco, que atende ali o produtor no dia a dia pensando na parte comercial. Mas eu fico mais com essa parte de elo técnico para o time.

Então, sempre que os produtores têm dúvidas técnicas, treinamentos técnicos, eu sou a pessoa que estou à frente disso para impulsionar. A gente tem várias parcerias com instituições de pesquisa, com pesquisadores de forma geral, a gente também tem parceria com instituições privadas que dão suporte técnico. Então, eu sou a pessoa que conversa, que leva a tecnologia nesse sentido técnico para o produtor. Isso é gratificante, você estar ali, você ver o quanto que é desafiador para os nossos produtores o nosso dia a dia. Não é fácil produzir a céu aberto, que a gente brinca muito que é escritório a céu aberto, né? Então, tudo pode acontecer. O produtor pode fazer tudo perfeito, tudo certinho, seguir todas as recomendações técnicas, igual do ano anterior, que foi super bom, vamos supor. E aí dá tudo diferente. Então, a gente tem muitos desafios aí.

É muito gratificante você ver que tá dando certo tanto para a PepsiCo quanto para o produtor. Isso é algo que nos impulsiona no dia a dia. Assim, você fala: “nossa, eu fiz isso junto com ele e a gente teve um resultado super positivo para todo mundo no dia a dia”. Eu gosto muito de estar ali no campo, dirigir, eu gosto de dirigir, de ir para outros lugares, de conhecer lugares novos junto com os produtores. Eles migram muito. Os produtores de batata nunca plantam batata no mesmo lugar, então esse ano ele plantou aqui, na mesma região, ele só vai voltar a plantar nessa mesma área daqui 3, 4 anos.

Barbara Viana:
Nossa, por quê? Por conta de clima?

Natalia Oliveira:
Por conta de doenças de solo... A batata é o meio de cultura perfeito para desenvolvimento de fungos e bactérias. Sempre que a gente tá doente, por exemplo, você vai fazer um exame. Eu tenho um problema de garganta, eu vou pedir para que isolem a bactéria para ver se eu tenho resistência. Eles usam um meio de cultura para crescer a bactéria, e aquilo ali é batata pura. Aquele meio de cultura é a base de batata, porque a batata tem alimento, ela é rica em amido, ela é rica em açúcares, então é perfeito.

Então, eles têm que quebrar o ciclo dessas pragas de solo. Além disso, a gente tem vários projetos na PepsiCo super bacanas. Eu lidero um projeto desde 2021, quando eu era de abastecimento, que é um projeto pensando na recuperação e saúde do solo. A PepsiCo tem esse olhar muito forte, pensando nas próximas gerações, pensando na agricultura positiva. Isso é muito legal. Então, a gente pensa que daqui 10, 20, 30 anos, quando nós olharmos para trás e a gente lembrar tudo o que aconteceu, como que a agricultura foi positiva, quanto que a agricultura PepsiCo incentivou, e a gente fez parte disso. Isso é muito legal.

Então esse projeto que eu lidero junto com o time de abastecimento, a gente trabalha o estudo, né? Como se fosse um diagnóstico da saúde do solo. Os produtores utilizam algumas plantas de cobertura. Essas plantas de cobertura ajudam a diminuir a incidência de patógenos, ajudam a recuperar a saúde do solo, de forma que elas reciclam os nutrientes que já existem ali, ajudam a fixar carbono, que a gente não vai perder carbono, né? Então, tudo isso é super positivo para o meio ambiente, para os solos, para a vida útil, né? Isso é muito legal. E a PepsiCo incentiva e impulsiona isso.

Barbara Viana:
Maravilhoso, e eu acho que isso está extremamente conectado, Nath, com inovação. E aí já queria até entrar nessa parte com você, porque você também comentou que você também faz esse elo técnico para o time e tudo mais, e querendo ou não, como você mesma comentou, você já tá lá na frente, três anos lá na frente, e pra mais. Então, quando a gente pensa tão além do nosso tempo, eu acho que isso se conecta muito com inovação, com pensar fora da caixa, com conectar os nossos processos aqui pensando em melhorias, em oportunidades. E aí, quando a gente pensa em agro, Nath, a gente associa a práticas mais tradicionais de plantação e colheita. Mas eu sei que a tecnologia está muito presente aqui na nossa área e vai muito além disso. Como que a gente está inovando isso aqui na PepsiCo, em agro?

Natalia Oliveira:
Sim. Dentro do time, nós temos uma equipe que trabalha tanto a parte de digitalização quanto a parte também de sustentabilidade. Então, eu acho que, para sermos sustentáveis, nós só vamos conseguir de fato se a tecnologia for um aliado. Então, a gente precisa trabalhar os dois elos juntos. Existem pessoas no nosso time que são responsáveis por esse setor. Então, assim, a gente tem muitas ferramentas que são trabalhadas e que nós impulsionamos os produtores a utilizarem. Por exemplo, hoje a gente tem ferramentas, sensores de solo, que nos ajudam a fazer uma análise precisa do que realmente nós precisamos, por exemplo, de irrigação.

A gente sabe que a batata precisa, assim como todas as culturas, de água. E muitas vezes, lá no passado, bem distante, porque o Brasil está muito avançado em relação a isso, nós não tínhamos uma noção real de quanto de água que nós colocaríamos ali na irrigação. Muitas vezes, a gente colocava água sem necessidade, porque irrigava e depois chovia. Então isso tudo aconteceu num passado bem distante. Mas hoje existem ferramentas que nos ajudam a olhar tanto a previsão do tempo, fazer isso como uma forma cruzada de informações, quanto o que nós temos de água ali dentro do solo, com a questão de umidade, quanto realmente aquela cultura exige de água para aquele momento.

Então são sensores que nos apoiam. Outra coisa que nós temos: monitoramento hoje via drone, por exemplo. Eu tenho um drone que sobrevoa uma lavoura, ele consegue contar quantas plantas de fato nós temos ali, para a gente conseguir fazer uma previsão de colheita real, sabe?

Barbara Viana:
Incrível, incrível.

Natalia Oliveira:
A gente consegue analisar se tem pragas e doenças naquela lavoura enquanto um funcionário caminharia horas e horas olhando se tinha alguma praga, alguma doença, o drone consegue, através do sistema, tirar fotos, e o algoritmo consegue cruzar esses dados e nos fornecer um relatório sobre aquela lavoura. Então, existem muitas ferramentas que nos apoiam e a PepsiCo está impulsionando isso direto com os produtores. Existem muitos projetos internos que são voltados para esse setor da parte de digitalização, de tecnologia.

Barbara Viana:
E aí, eu tô, assim, impactada com essa história do drone. Eu ouvi o Felipe Carvalho falando sobre isso em uma reunião e eu fiquei tipo super impressionada. Que demais que a gente tá fazendo isso, e é uma forma também, né, Nath, de a gente agilizar e fazer com que as nossas pessoas também sejam mais estratégicas no dia a dia e tudo mais, enquanto a tecnologia está trabalhando ali em nosso favor pra acelerar um pouco das respostas que a gente às vezes demorava mais tempo, e por aí vai. Muito legal mesmo!

Natalia Oliveira:
Sim, boa.

Barbara Viana:
Na PepsiCo, ousamos transformar para construir um ambiente de aprendizado onde os objetivos de carreira são considerados e valorizados. Você pode ajudar a construir um mundo onde haja mais possibilidades para mais pessoas, independentemente da função que você ocupe. Assim, ajudamos a criar mais sorrisos a cada gole, a cada mordida, a promover um local de trabalho mais inclusivo, a criar um ambiente mais sustentável e a tornar o mundo mais positivo. Para ousar transformar com a gente, acesse www.pepsicojobs.com.

Nath, e quais são as dificuldades que a gente pode encontrar nesses tipos de inovação que você comentou?

Natalia Oliveira:
Bom, a primeira barreira que nós encontramos, primeiro foi convencer os produtores de que realmente essa ferramenta era útil e que ela funcionava. Então, nós temos um sistema na PepsiCo que são as fazendas demonstrativas, que a gente chama de "Demo Farms". Essas fazendas são o meio perfeito para demonstrar que essas ferramentas de fato têm uma relevância, que elas realmente funcionam e que realmente trazem benefícios para os produtores.

Então todos os anos a gente realiza um dia de campo em uma das fazendas demonstrativas. As nossas fazendas não param, por mais que não tenha um dia de campo em todas, a gente seleciona uma para ter o dia de campo. Mas também nas outras estão acontecendo práticas, testando novas tecnologias, novas formas de manejo e tudo mais. Então, nessas fazendas demonstrativas, a gente conseguiu demonstrar, de fato, essas novas tecnologias. A gente tem várias empresas que são parceiras, que nos desafiam. Ah, eu tenho... O produtor geralmente nos desafia: “Olha, eu tenho esses problemas, eu preciso que vocês me ajudem a solucionar.” E aí a gente busca parceiros que possam ser os solucionadores desses problemas.

A partir daí que a gente consegue demonstrar e convencer os produtores que, de fato, aquela tecnologia funciona. Esse foi o primeiro desafio. E, a partir do momento que o produtor aceitou e ele comprou essa ideia, eu acho que esse foi o principal. Depois disso, é a gente conseguir manter. Não adianta o produtor trazer o problema, a gente trazer a solução e isso não se manter.

Então, a gente tem que dar continuidade. Porque, às vezes, na primeira dificuldade, muita gente desiste. Os produtores desistem. E pode parecer difícil para eles, mas a gente precisa ser consistente. É dar consistência aos trabalhos que nós propomos, sabe? Estamos sempre propondo. Então, acho que esse é o maior desafio depois de convencê-los: conseguir manter e dar continuidade aos projetos que a gente inicia.

E também convencer a PepsiCo. A gente precisa se convencer que realmente vale a pena investir. Mas a PepsiCo é muito bem convencida, sempre. Muitas vezes, as equipes de fora que trazem muitas coisas para a gente. E o fato de termos uma comunicação muito próxima, muito cerca de outros países, isso nos ajuda muito. Eles compartilham o que estão fazendo em outros países. Acho que a "Demo Farm" traz isso também, porque a "Demo Farm" ocorre em vários países da PepsiCo, não só no Brasil. Então, a gente está sempre viajando, indo para uma "Demo Farm" em outro lugar, para trazer tecnologias que estão acontecendo lá. E a própria PepsiCo quer que a gente faça isso. Isso é muito legal.

Barbara Viana:
Aí, Nath, você acabou falando da "Demo Farm". Mas, só para quem não conhece esse termo, nunca ouviu falar, não está nesse universo... Como que você resumiria o que é uma fazenda demonstrativa? Assim... É onde a gente pode testar e ver o que vai acontecer para a gente extrair o melhor para os nossos produtos? Como você resumiria?

Natalia Oliveira:
As "Demo Farms" são fazendas experimentais e elas acontecem dentro dos nossos próprios produtores. Essas "Demo Farms" são fazendas demonstrativas onde a gente vai conseguir levar tecnologias, projetos de sustentabilidade, inovações de forma geral para os demais produtores. Nós temos três "Demo Farms" ativas no Brasil. Dessas três "Demo Farms" ativas, elas estão em regiões diferentes, em que a gente pode levar realidades diferentes para cada região.

Então, nós temos uma "Demo Farm" hoje em Goiás, que vai abranger muito aquela região do Sudeste. Nós temos uma "Demo Farm" em São Paulo, que também atende a região dos produtores de São Paulo. E nós temos uma "Demo Farm" no Paraná, que acaba abrangendo muito os produtores do Sul. E nessas fazendas demonstrativas é a oportunidade que nós temos de demonstrar todos os trabalhos que a PepsiCo pode impulsionar nos nossos produtores. Novas tecnologias, vários parceiros, instituições de pesquisa... E, nessas fazendas demonstrativas, são testadas de fato novas ideias.

Então a partir da ideia do produtor... O produtor, primeiro, levanta a mão e fala: “Olha, a gente tem alguns problemas. A gente tem alguns problemas que precisam ser resolvidos, e a gente precisa do apoio da PepsiCo.” E a PepsiCo, como parceira e como sócia, está ali para apoiar o produtor. Então, a gente vai em busca de empresas que são capazes de solucionar. Instituições de pesquisa, tecnologias de fora, de outros países, de outras "Demo Farms" de outros países, porque existem "Demo Farms" em várias partes do mundo, e a gente consegue compartilhar com os nossos produtores esse conhecimento.

Barbara Viana:
Boa. E agora, pensando mais numa questão estratégica, de negócio: como a gente consegue equilibrar as mudanças que são constantes, e aí, principalmente motivadas pelas tecnologias que estão sempre chegando, ou até mesmo quando a gente fala de mudanças climáticas, que a gente inclusive nem tem tanto controle sobre, com esse planejamento a longo prazo, Nath? Porque, igual você comentou: o tempo, até a gente conseguir plantar e colher, é superlongo, né? Então, como que tudo isso é gerenciado no fim do dia?

Natalia Oliveira:
O desafio climático ele é real. No ano passado, nós vivemos momentos delicadíssimos em relação ao clima. Vocês devem ter acompanhado nas redes sociais, na mídia como um todo, que foi um ano catastrófico no Brasil como um todo. E para a batata não foi diferente, porque nós plantamos também no Rio Grande do Sul, plantamos no Paraná e, justamente nessa época, nós tínhamos batata. Então, a gente sofreu muito. Os produtores sofreram muito. A PepsiCo apoiou muito os produtores nesse momento difícil. A gente entende que, em meio a todos esses desafios climáticos, existem tecnologias que estão sendo trabalhadas para que a gente consiga ter uma previsibilidade melhor em relação ao clima.

No entanto, está sendo testado ainda. A gente não tem nada que possa nos dar um apoio 100% hoje. Isso tudo está sendo testado. Mas uma alternativa que nós temos hoje, e que esse ano foi incrível, esse ano que passou, é o armazenamento de batatas. Pensando nesse desafio climático, a gente tem a opção. As nossas variedades... A gente tem variedades que são capazes de armazenar. Então, conseguimos pegar aquela melhor janela, a janela que tem menos problemas climáticos, armazenar naquele período, para que a gente consiga abastecer nas janelas que são mais afetadas pelo clima.

Com isso, o produtor não vai precisar plantar e se arriscar tanto naquele momento em que as questões climáticas, as diversidades climáticas são maiores. Ele consegue plantar numa janela mais segura para ele. Então isso também é mais seguro para nós, enquanto PepsiCo, porque as fábricas não param. A gente precisa trabalhar, a gente precisa rodar e a gente precisa de batata. E o produtor também precisa fornecer batata. Então, ele consegue entregar batata para nós num período em que ele tem um clima adequado e, também, num período em que não tem um clima adequado, mas tem a batata armazenada para nos abastecer. Então, a gente utiliza muito essa opção do armazenamento.

Barbara Viana:
E aí, para a gente fechar aqui bem, Nath, para quem está realmente conferindo aqui o episódio e se interessa por esse mundo, por essa área de agro... Quais dicas você daria de habilidades e competências para que essas pessoas possam desenvolver ou pensar, refletir a respeito?

Natalia Oliveira:
Acho que uma dica, pra quem tá começando aí, que talvez tem interesse no agro e interesse nessa área, que eu poderia deixar aqui hoje. Primeiro: Eu acho que você precisa ter uma mente muito aberta. O agro ele é surpreendente. Muitas vezes a gente tem uma ideia de que o agro é muito fechado, talvez as pessoas sejam conservadoras, mas o agro evoluiu muito. Hoje, nós temos produtores que estão na terceira geração: começaram com os avós, passaram para os filhos e hoje são os netos que estão tomando conta do negócio. São pessoas muito abertas, pessoas muito humanas e que se preocupam muito com as pessoas que trabalham com eles. E o agro, por mais que a gente tenha uma visão muito ruralista do agro, ele é tecnologia também.

Então, esteja aberto. Se você gosta de tecnologia, se você gosta de sustentabilidade, se você se preocupa com o meio ambiente, o agro é um lugar perfeito para você. Porque o agro não tem uma visão negativa. Muito pelo contrário: o agro está muito preocupado com o amanhã, com o futuro das gerações. O agro está muito preocupado com o alimento seguro. Então, o agro ele é um lugar muito seguro nesse sentido, então acho que é um lugar confortável para você estar também.

E também pra quem gosta de viajar bastante, de conhecer novos lugares: o agro está aí pra isso. A gente consegue viajar muito, conhecer lugar diferente, consegue estar conectado com a natureza no dia a dia. Isso é gratificante, é desafiador. Se você gosta de desafios, aqui é o seu lugar. Porque existem muitos desafios, e trabalhar com batata é um desafio constante. Mas é algo recompensador. Quando você planta e você colhe aquilo que você pensou, que você idealizou, que você planejou lá atrás, é recompensador. Então, eu acredito que seja um lugar perfeito pra trabalhar.

Barbara Viana:
Daqui a pouco eu tô indo pra agro, Nath.

Natalia Oliveira:
Eu sou suspeita, gente. Eu amo o que eu faço.

Barbara Viana:
Com essa sua fala, daqui a pouco eu tô indo também.

Natalia Oliveira:
Eu sou suspeita, porque eu gosto muito do que eu faço. É desafiador? É. Mas é gostoso, de verdade. Tem dia que você fala: "Meu Deus, o que eu tô fazendo da minha vida? Tô ali cavando um buraco cheio de terra". Minha mãe queria que eu estivesse arrumadinha...

Barbara Viana:
Ai, mas é aí que é o dia bom, né? O contato com a natureza é muito bom, gente. Inclusive, Nath, eu quero muito visitar um campo de batata.

Natalia Oliveira:
Vamos, vamos!

Barbara Viana:
Então, por favor, tá? Estou aqui aguardando.

Natalia Oliveira:
Segundo semestre é o momento. Porque em São Paulo, as nossas batatas começam as colheitas a partir de 15 de julho, mais ou menos, tá?

Barbara Viana:
Já tô aqui me convidando pra ir, porque eu tenho muita vontade e eu nunca fui. Então...

Natalia Oliveira:
Vamos! Vamos planejar. É combinar que a gente vai.

Barbara Viana:
Fechou, fechou.

E aí, Nath, a gente tem um quadro bem legal aqui dentro do PEPcast, que chama Sabor do Conhecimento.

Pra gente compartilhar um pouquinho de conhecimento com a galera, né? Coisas que nos inspiram no nosso dia a dia. E aí vale tudo: livro, série, podcast, algum perfil que te inspira nas redes sociais, algum hábito, alguma experiência diferente que você viveu e que te transformou também. E aí eu queria muito saber... Você tem algo pra indicar?

Natalia Oliveira:
Ah, eu tenho. Se você quiser conhecer batatas e conhecer um lugar muito bonito, vou te dar uma dica: Existe uma região que tem um produtor nosso, inclusive, que é São José dos Ausentes, que fica no Rio Grande do Sul. É uma região superimportante na produção de batata. Esse produtor é excelente, é dos melhores que nós temos, com uma das melhores qualidades de batata. E essa região fica num lugar maravilhoso. É um dos lugares mais altos do Rio Grande do Sul, onde existem os canyons. Então, se eu puder sugerir pra vocês conhecerem esse lugar, eu acho incrível. Aproveitem essa oportunidade pra visitar e conhecer um pouco mais do Brasil.

Barbara Viana:
Já joguei aqui no Google também. Que lugar maravilhoso! Nath, que lugar maravilhoso. Meu Deus. Você já foi, então?

Natalia Oliveira:
Já, já. Vocês vão ver batata e vão ver canyons juntos. Tem passeio de balão ali naquela região, tem muita coisa. E essa parte eu pulo, tá? Mas o resto é lindo.

Barbara Viana:
Incrível! Maravilhoso, maravilhoso. Obrigada, viu, Nath, pela indicação, adorei aqui.
Hoje eu tenho uma indicação mais forte desse mundo do agro, mas é de um outro podcast também, que eu tô escutando alguns episódios, assim, eventualmente. Ele chama Café da Manhã. Então, ele traz um pouco de notícias, atualidades, do que tá acontecendo aí, enfim, em especial no Brasil. Mas é bem legal. Então, pra quem quer ficar um pouco mais antenado sobre o que tá rolando, eu recomendo, tá?

E aí, com isso, o nosso PEPcast vai chegando ao fim. Nath, foi muito, muito bom conversar com você. Aprendi um montão aqui hoje. Muito obrigada por compartilhar tanto conhecimento aqui com a gente, compartilhar genuinamente sobre agro, sobre as práticas da PepsiCo, trazer exemplos práticos também. Eu acho que isso faz toda a diferença e ajuda a gente a concretizar um pouco mais esse conhecimento que você compartilhou. E muito obrigada por ter separado um tempo aí do seu dia pra conversar com a gente. Eu fiquei muito feliz com esse episódio, eu espero que você também tenha curtido por aí, que tenha sido uma experiência positiva.

Natalia Oliveira:
Eu que agradeço. Muito obrigada pelo convite. Esperamos vocês no campo. Obrigada!

Barbara Viana:
Ah, com certeza. Com certeza!

E eu te convido a seguir os nossos perfis nas redes sociais. É @PepsiCo no LinkedIn e @PepsiCoBrasil nas outras redes. E, para saber sobre as oportunidades na empresa, segue o @PepsiCoJobs e também confira as nossas vagas no próprio LinkedIn. Não deixem também de conferir as nossas vagas operacionais no InfoJobs, através do www.infojobs.com.br, e pesquisar ali por PepsiCo.

É isso. A gente se encontra no próximo episódio. Tchau, tchau.

Criadores e convidados

Barbara Viana Vio
Apresentador
Barbara Viana Vio
Employer Branding & Culture Lead - PepsiCo
Natalia Oliveira
Convidado
Natalia Oliveira
Gerente de Agro na PepsiCo
Inovação no Agro: Estratégia e Futuro com Raízes na Batata
Transmitido por